segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Hipermídia e escrita do hipertexto

Que elementos tornam possível a não-linearidade da escrita hipertextual? Trata-se da hipermídia, dispositivo tecnológico que engloba recursos do hipertexto e da multimidialidade. Elementos inseparáveis, as tecnologias da hipermídia e do hipertexto viabilizam a construção de um texto fragmentado, atomizado em seus elementos constitutivos, ou seja, as lexias.

Conforme George Landow, “essas unidades legíveis passam a ter vida própria ao se tornarem menos dependentes do que vem antes ou depois na sucessão linear”. Assim, é a tecnologia hipertextual que permite que a Web seja uma teia, uma malha de informações interconectadas, numa sucessão de links que conduzem o usuário a diferentes pontos do sistema.

Outra característica fundamental da não-linearidade do hipertexto está no surgimento de uma seqüência arbitrária de links. Isto conduz o problema para o conceito de complexidade, entendido aqui como algo que é tecido em conjunto, traço maior da hipermídia.

Esta organização policêntrica dos sistemas hipermidiáticos altera o sentido de texto principal e texto secundário. Como assinala Landow, “o hipertexto redefine o central ao recusar dar garantia de centralidade a qualquer coisa, a qualquer lexia, por mais tempo que um olhar repouse sobre ela”.

Assim, se cada site representa um centro, estamos na verdade diante de um sistema acentrado. Ao mesmo tempo, cumpre assinalar que a natureza desta escrita topográfica é móvel; logo, a arquitetura da informação deve ser concebida como algo mutável e flexível.

Para saber mais:
LANDOW, George. Hipertext: the convergence of contemporary critical theory and technology. Baltimore: Jonh Hopkins Univ. Press, 1992.
LEÃO, Lúcia.
O labirinto da hipermídia: arquitetura e navegação no ciberespaço. São Paulo: Iluminuras, 2001.

Prof. Mauro

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

O que é o hipertexto?

Inicio o ano de 2008 com um post sobre tema que considero dos mais fascinantes da área de mídias digitais: o hipertexto.

São muitas as definições de hipertexto, mas é ponto pacífico entre os estudiosos que tal definição inclui a natureza não-linear e não-seqüencial desta narrativa e, por conseqüência, sua estrutura aberta e inacabada.

Assim, a não-linearidade instaura uma nova ordem na leitura de um documento, que poderá diferir de um leitor para outro. O texto não-linear é aquele que, por meio de um “agenciamento cibernético”, estimula o surgimento de uma seqüência arbitrária. Isto significa dizer que o hipertexto permite o estabelecimento de ligações rápidas para diversas redes associativas. Como conseqüência, instaura e potencializa uma leitura descontínua e multivocal.

Do ponto de vista narrativo, a escrita hipertextual nos coloca diante de uma nova configuração de categorias clássicas da textualidade: a este novo conceito de texto está ligado um novo leitor e, mais adiante, um novo conceito de autoria.

Tenho me perguntado sempre sobre o impacto desse novo paradigma textual no trabalho jornalístico, em especial naqueles elementos que viabilizam a construção da narrativa jornalística. Diante das potencialidades do hipertexto, como ficam, por exemplo, os critérios de seleção da notícia e a própria hierarquização do noticiário numa página web? Uma pergunta a espera de respostas.
Prof. Mauro