domingo, 14 de outubro de 2007

Dilemas do jornalismo colaborativo

O que acontece quando o público passa a participar cada vez mais da captação, da produção e publicação de notícias na Web? Jornalismo colaborativo é o nome desta modalidade de produção de notícias que, se ainda é incipiente em termos de público, já provoca discussão nas redações e entre pesquisadores da área.

Como escreve Carlos Castilho no Observatório da Imprensa desta semana, a participação de usuários na produção de conteúdos jornalísticos inclui “desde a cobertura de acidentes de trânsito em cidades pequenas até projetos mais ambiciosos como o NewsTrust, que procura avaliar a credibilidade de notícias com base no parecer de leitores, ou o NowPublic, que pretende ser uma agência de noticias com material fornecido por colaboradores voluntários”.

Pelo menos uma questão me parece importante nesse debate: ao mesmo tempo em que surge como alternativa concreta para a participação dos leitores no processo de produção da notícia (demanda antiga da luta por maior democratização da comunicação), o jornalismo colaborativo é também uma excelente forma de captação de notícia a baixo custo. Sim, redução de custos com mão-de-obra, o que pode ser muito atraente para os empresários da mídia.

Mas e os jornalistas? Qual será o papel do profissional de mídia nesse contexto? Até que ponto esse processo pode ser feito sem a interferência de um jornalista? É apenas o repórter que perde seu espaço? E o problema da credibilidade?

Uma oportunidade para discutir essas e outras questões será a palestra que Ana Brambilla, jornalista e editora de conteúdo colaborativo da Editora Abril, fará aos alunos de jornalismo da Unesp no próximo dia 23 de outubro, na Sala 1 do Campus de Bauru, SP.

Prof. Mauro

Um comentário:

Anônimo disse...

Convém lembrar, no entanto, professor, que a grande maioria dos sites e blogs que utilizam o conceito do Jornalismo Colaborativo, ou Participativo como trata o espanhol Juan Varela, possuem conselhos editoriais formados por jornalistas profissionais que realizam a função de gatekeepers.
Uma alternativa ainda um puco diferente é o que se trata nos EUA por mídia hiperlocal, onde apenas uma comunidade gerencia um meio de comunicação on-line e foca sua atuação nas notícias da microsociedade que participa.
Por ser ainda uma área em desenvolvimento, a palestra da Ana Brambilla será de extrema importância para integrar o assunto na comunidade unespiana.