quinta-feira, 28 de junho de 2007

Seis perguntas sobre webjornalismo

Apresento a seguir um pequeno roteiro para estimular nossos colaboradores na prática da reportagem. Profissionais, pesquisadores, professores e críticos da mídia podem ser entrevistados para responder essas seis questões básicas sobre webjornalismo.

1) Qual é sua avaliação do estágio atual do webjornalismo brasileiro?

2)Qual é, em sua opinião, o portal (ou site) hospedado no país que mais se aproxima das características do webjornalismo (multimidialidade, interatividade, hipertextualidade, personalização, memória e atualização contínua)?

3) Como encara a discussão sobre o fato de que na web o espaço é infinito, mas o tempo do leitor é finito e ele não fica muito tempo numa página?

4) Que prognóstico é possível fazer para a mídia impressa em relação à expansão do jornalismo digital?

5)Em sua opinião, o jornalismo colaborativo pode ser uma alternativa aos modelos tradicionais de jornalismo ou é apenas um fornecedor de mão-de-obra barata para as empresas?

6)Como enfrentar o desafio de que os jovens leitores gastam mais tempo visitando redes de relacionamento, como Orkut, MySpace, YouTube etc, do que lendo notícias nos sites dos jornais?

Prof. Mauro

terça-feira, 26 de junho de 2007

Interatividade e prática hipertextual

Sabe-se que uma das questões centrais do webjornalismo está na interatividade e na relação entre esta e a prática hipertextual. É também conhecida a distinção feita pelo estudioso e professor da UFRGS, Alex Primo, entre interação reativa (fraca e limitada) e mútua (plena). Levada ao limite extremo, a interatividade mútua opera uma fusão entre o papel do usuário e o papel do programador.

Em texto no qual busca fazer um “resgate histórico do hipertexto”, Maria Clara Aquino, pesquisadora da Pós-Graduação em Comunicação da mesma UFRGS, após reconstituir as idéias de Primo no que tange à interatividade, faz uma crítica bastante pertinente ao grau de interatividade da Web. “O que vemos hoje na Web é uma interação reativa, pois o usuário fica limitado a escolher entre uma quantidade de links e a simplesmente navegar por entre este mar de opções, porém, incluir novos rumos, ou seja, novos links, isso não lhe é facultado”, escreve Aquino.

Por esse motivo ela dirá, ecoando os importantes estudos de Alex Primo, sobre os quais falaremos em outra postagem, que a prática hipertextual da Web hoje não é efetivamente interativa, “já que o usuário da Rede não interage totalmente nas páginas, porque não possui total liberdade e flexibilidade de se manifestar”.

Somente com o hipertexto cooperativo é que o fenômeno da produção textual coletiva pode se manifestar de forma plena. É muito mais do que o tão propagado jornalismo colaborativo e mais profundo ainda do que os mecanismos de participação do leitor, como chats, fóruns, murais e enquetes, criados pelos sítios e portais.

A construção coletiva do conhecimento e da informação (webjornalismo) é uma das linhas de força do pensamento, não só de Pierry Lévy, mas, também, do pai do hipertexto, Ted Nelson. Trata-se, ainda, de uma profecia não cumprida.

Para saber mais:
- AQUINO, Maria Clara.“Um resgate histórico do hipertexto”. Disponível em: http://www.compos.com.br/e-compos. Acesso em 21/02/2007.

- LÉVY, Pierre. O que é virtual? São Paulo: Editora 34, 1996.

- PRIMO, Alex Fernando Teixeira. “Quão interativo é o hipertexto? Da interface potencial à escrita coletiva. In. Compós 2002 – Encontro da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação, 11, 2002, Rio de Janeiro. Anais. Disponível em: http://www6.ufrgs.br/limc/PDFs/quao_interativo_hipertexto.pdf. Acesso em 26/maio/2007.

- PRIMO, Alex Fernando Teixeira; RECUERO, Raquel da Cunha. “Hipertexto Cooperativo: Uma Análise da Escrita Coletiva a partir dos Blogs e da Wikipédia.” In: VII Seminário Internacional da Comunicação 2003, Porto Alegre, Anais. Porto Alegre, 2003. Disponível em: http://www6.ufrgs.br/limc/PDFs/hipertexto_cooperativo.pdf. Acesso em 26/maio/2007.

Prof. Mauro

segunda-feira, 25 de junho de 2007

O rizoma, segundo Deleuze e Gattari

O primeiro passo para compreender o funcionamento (ou agenciamento) dos sistemas hipermidiáticos e a própria linguagem hipertextual está no conceito de Rizoma, estabelecido pelos filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari, no livro Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia, vol. 1. (Tradução de Aurélio Guerra Neto e Célia Pinto Costa. São Paulo: Editora 34, 1995). A seguir, destacamos pequenos trechos em que os autores conceituam o rizoma.

- “Um rizoma como haste subterrânea distingue-se absolutamente das raízes e radículas. Os bulbos, os tubérculos, são rizomas. (...) Até animais o são, sob sua forma matilha; ratos são rizomas. As tocas o são, com todas suas funções de habitat, de provisão, de deslocamento, de evasão e de ruptura”.

- “Há rizoma quando os ratos deslizam uns sobre os outros”.

- “Oposto ao grafismo, ao desenho ou à fotografia, oposto aos decalques, o rizoma se refere a um mapa que deve ser produzido, construído, sempre desmontável, conectável, reversível, modificável, com múltiplas entradas e saídas, com suas linhas de fuga”.

- “Contra os sistemas centrados (e mesmo policentrados), de comunicação hierárquica e ligações preestabelecidas, o rizoma é um sistema a-centrado não hierárquico e não significante, sem General, sem memória organizadora ou autômato central, unicamente definido por uma circulação de estados”.

- “Não existem pontos ou posições num rizoma como se encontra numa estrutura, numa árvore, numa raiz. Existem somente linhas”.

Diante desses fragmentos, que não me canso de reler, fico a pensar no fluxo da informação ou até na produção do saber num ambiente rizomático, caracterizado pela multiplicidade de entradas e saídas, pela noção de texto aberto ou múltiplo e, principalmente, pela ausência de centro e de hierarquização. Quais as implicações desta nova textualidade digital?

Prof. Mauro

sábado, 9 de junho de 2007

Hipertexto - Blog e Wikipédia

Luís Henrique Ferraz

A Web 2.0 e suas ferramentas multimídias são um novo ambiente onde os diferentes tipos de cooperações e as mais diversas manifestações são criadas entre seus usuários. Esse novo mundo digital e cooperativista funciona a todo vapor com seus sites de relacionamento, fóruns de discussão, chats, comunidades virtuais, blogs e fotologs.

As novas formas de circulação de informações e conteúdos são variadas e vão desde a transferência de musicas em mp3 até o jornalismo aberto onde todos são produtores de notícias. Segundo Maria Clara Aquino, “as formas são várias, diferenciadas entre si, com objetivos diversos, mas com a cooperação e a coletividade em comum. A Web está cada vez mais povoada por formatos que transparecem a coletividade prevista na proposta de hipertexto de Nelson e que assim se tornam responsáveis pela passagem de um espaço construído individualmente para a realização conjunta de um ambiente”.

Os blogs e o Wikipédia são bons exemplos da realização conjunta na produção de conteúdos. Essa coletividade acontece, pois em ambos hipertextos a publicação é livre ao público.

Nos blogs os conteúdos presentes nas páginas são apenas alterados pelo seu autor, por isso o desenvolvimento e a interação nos blogs acontecem através dos comentários e sugestões. Essas discussões entre os leitores do blog e seus autores formam a inteligência coletiva.

O Wikipédia funciona de forma semelhante, porém nesse hipertexto qualquer pessoa pode adicionar novas informações à página de pesquisa. No formato Wiki não existem autores, todos que contribuem tem papel essencial para o desenvolvimento e funcionamento da página, que funciona através de palavras chaves apresentando informações superficiais e avançadas sobre uma infinidade de temas.

Tanto os blogs quanto o Wikipédia são constantemente criticados e contestados sobre a veracidade de seus conteúdos e materiais. Essa preocupação sobre a veracidade e qualidade acontece por parte de alguns estudiosos que reconhecem atualmente a Web como fonte na busca de informações e conhecimento. Para a pesquisadora Sandra Santos em seu artigo, O livro e o computador: viagens por labirintos de palavras, “o monopólio dos livros parece estar ameaçado e o seu reinado. O computador que através das ferramentas que nos oferece, tem vindo a mudar a forma como percepcionamos a cultura e o acesso ao conhecimento; a forma como entendemos a leitura e a escrita, e muitos outros processos que todos tomávamos como certos e mesmo permanentes”.
Quais serão os novos filtros na busca da verdade e da qualidade de informação nesse mundo novo?

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Ted Nelson, o pai do hipertexto

Em meados dos anos 60, um filósofo americano que gostava muito de informática formulou um método para conectar diferentes documentos eletrônicos. Os arquivos eram ligados por meio de “links” e a técnica passou a ser chamada de “hipertexto”. O projeto, ousado para a época, recebeu o nome nada científico de Xanadu e não foi adiante por falta de verba. A idéia, no entanto, colocou o nome de Teodor Holm Nelson, mais conhecido por Ted Nelson, 68 anos, na história da Internet.
Os estudos de Ted Nelson serviriam ainda de base para as formulações de Tim Berners-Lee, que formataram a rede mundial de computadores tal como a conhecemos hoje. Pois na próxima segunda-feira, dia 11, os aficcionados por Internet poderão conhecer um pouco mais as idéias e o pensamento de Nelson. Ele será o entrevistado do Roda Vida, da TV Cultura. Um programa imperdível.

Prof. Mauro

quarta-feira, 6 de junho de 2007

A mídia impressa resiste

Segundo informações obtidas pelo repórter Jonatas Torresan (7º Termo, Diurno) e fornecidas a este blog, a circulação de jornais no Brasil “cresceu 6,5% no ano passado, superando o avanço mundial, que foi de 2,3%”. Os dados foram divulgados pela WAN, Associação Mundial de Jornais, que durante esta semana realiza em Cape Town, na Austrália, o seu 60° Congresso Mundial.

Transcrevemos a seguir alguns tópicos interessantes de notícia publicada em 5 de junho no JCNet e enviada pelo Jonatas.

  • “Os brasileiros, junto de chineses e finlandeses, são a segunda nacionalidade que passa mais tempo lendo jornal: 48 minutos diariamente”.
  • “Apenas os belgas, com 54 minutos, despendem mais tempo com a leitura”.
  • “No ano passado, a circulação mundial de jornais diários pagos, segundo a pesquisa feita em 232 países e territórios, atingiu a sua maior marca: 515 milhões de cópias”.
  • De acordo com Timothy Balding, principal executivo da WAN, “a circulação dos jornais nos mercados em desenvolvimento continua a crescer em grande velocidade e, nos mercados maduros, mostra resistência extraordinária”.

Os dados são interessantes e iluminam a discussão, freqüente em nossas aulas, sobre a crise do jornal impresso e os desafios do online. Dados fornecidos pela ANJ confirmam o otimismo: “a associação brasileira afirmou que 7,230 milhões de exemplares foram vendidos diariamente em média no Brasil no ano passado”, conforme a reportagem publicada no JCNet. Pelo visto, o velho suporte ainda tem fôlego.

Prof. Mauro