Um dos impactos da tecnologia da hipermídia está na nova relação que se estabelece entre texto e livro. Na história das tecnologias do escrito, o texto existe em função de seu suporte material, no caso, o livro. A textualidade digital instaura uma nova relação entre esses elementos.
Veja-se o caso dos processos de digitalização. Quando se digitaliza um texto no modo “somente texto”, por exemplo, este torna-se manipulável eletronicamente. Como assinala o estudioso do assunto Jean Clément, é o próprio livro enquanto objeto que desaparece, juntamente com as referências de paginação e os instrumentos de leitura. Estamos diante de uma alteração nos modos clássicos de leitura.
“Nessa perspectiva, o texto não é mais lido de maneira linear em seu eixo sintagmático, é sondado em seu eixo paradigmático”, escreve Clément. Para além do texto eletrônico, é a técnica do hipertexto que aprofunda a mudança epistemológica em curso, passagem para uma visão mais complexa e menos fechada do conceito de texto. Em outras palavras, passagem do livro ao texto.
Para saber mais:
CLÉMENT, Jean. “Do livro ao texto. As implicações intelectuais da edição eletrônica”. In: Süssekind, F. e Dias, T. (Org.) A historiografia literária e as técnicas de escrita. Rio de Janeiro: Ed. Casa de Rui Barbosa: Vieira e Lent, 2004, p.28-35.
Prof. Mauro