Para todos os que, em algum momento de suas vidas, se encantaram ou simplesmente acreditaram na revolução cubana, ocorrida em 1959 e intensificada nas décadas seguintes, a questão da liberdade de imprensa naquele país sempre foi motivo de polêmica.
No final dos anos 1970, ao ler A ilha, o pequeno e, na época, instigante livro-reportagem de Fernando Morais, lembro de não ter ficado nada convencido diante da inexistência de imprensa de oposição ao regime de Fidel, nem da explicação dada por um dos líderes do governo de que a liberdade de imprensa era algo meramente burguês. Combinar socialismo com liberdade sempre foi uma questão difícil de resolver e Cuba até hoje engatinha nisso.
Agora, o debate retorna, motivado pela explosão da blogosfera cubana, onde internautas independentes expõem suas críticas ao governo e este, por sua vez, reage incentivando e alimentando blogs que defendem o regime. Tudo muito natural, dirão alguns. Não é tão natural assim, em se tratando de Cuba.
Vejamos os fatos. De um lado está o blog Generación Y, www.desdecuba.com/generaciony, criado por Yoani Sanchez, que com seus 9 milhões de acessos somente em maio (Folha de S. Paulo, 7/6/08, p.A26) ganhou visibilidade na imprensa mundial como um canal de oposição. De outro está o Blog do Yohandry, de Yohandry Fontana, http://yohandry.wordpress.com/, que defende o governo cubano e faz acusações a Yoani.
Além destes, há outros blogs que agitam a raquítica esfera pública cubana e o assunto não seria digno de nota não fosse a escassez de debate e a inexistência de pluralismo político e midiático naquele país. Em Cuba, a blogosfera cumpre um papel que deveria ser das mídias tradicionais. Espera-se que a sociedade civil descubra os ganhos de viver em uma sociedade em que é possível e necessário expor publicamente as próprias opiniões.
Prof. Mauro
Prof. Mauro
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