quarta-feira, 18 de abril de 2007

Internet como espaço de manifestação da coletividade

LIDIANE OLIVEIRA
THAIS NUCCI

Quem é o público do webjornalismo? Como identificar um ciberleitor em potencial, tanto do ponto de vista do seu perfil quanto à sua atuação na rede? Segundo Castilho, “depois de décadas de impotência, diante da hegemonia dos jornalistas e comunicadores na formação da agenda pública de debates, os cidadãos assumem um novo papel, mas ainda não conhecem seus limites e condicionamentos”. Grosso modo, essa nova função seria a de conduzir o direcionamento das atividades jornalísticas on-line, proporcionando um tratamento diferenciado ao público e ajustando a noção do que é informação e de como veiculá-la na rede.

Isso seria viabilizado pela interatividade proporcionada pelo meio digital. O conceito de webjornalismo está intimamente ligado a esse aspecto. De acordo com Ted Nelson, a internet vem se formatando como o “espaço de representação de coletividade, na medida em que abriga as mais diversas manifestações de cooperação entre os usuários: sites de relacionamento, fóruns de discussão, chats, comunidades virtuais, blogs, fotologs”.

Dessa forma, o ambiente de “liberdade” proporcionado pela internet permite que as atividades possam ser desenvolvidas quase sem restrições. A idéia é que, com a interatividade, o público não só receba a mensagem noticiosa, como interaja com ela, criando simpatia – ou antipatia – com um veículo jornalístico. Essa relação pode ser sintetizada pelo que Pierre Lévy chama de “potencial interativo e permutacional do sistema”, ou seja, além de ter como característica principal a veiculação de informações praticamente em tempo real, a web se estabelece como um meio capaz de relacionar autor e leitor.

Na situação de hipertexto constituída pelo jornalismo na internet, todo leitor é também um pouco escritor. Segundo Lúcia Leão, “o leitor-ativo que a hipermídia requisita é também o arquiteto de um labirinto. O viajante, ao percorrer o sistema, faz existir um espaço que se desdobra. No momento em que este atualiza escolhas, o desenho de um labirinto é criado”. Isso significa que, ao navegar pela rede, o ciberleitor vai criando elos e delineando novos de leitura.

Mas Ted Nelson ressalta que ainda falta um espaço de construção de conhecimento efetivamente coletivo, onde programadores e usuários possam interagir completamente entre si, trocando informações e construindo novos caminhos por entre a infinita rede de dados do ciberespaço. Nesse âmbito, quando a internet poderá alcançar a máxima realização de todo esse potencial? É impossível prever. Mas, como reflexão, vale concluir com a contribuição de Jorge Luis Borges (em “Biblioteca de Babel”): “A tecnologia hipertextual permite que a web seja uma teia, uma malha de informações que se interligam; conexões que levam a conexões sucessivamente”.

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