Luciano Guaraldo
Nas civilizações anteriores ao surgimento da escrita, a memória desempenhava função fundamental na transmissão dos saberes. Quando a oralidade cede lugar para o registro no papel, a memória começa a perder o seu caráter biológico e passa a ser associada a aspectos técnicos. Dos monges copistas ao iPod, passando pela prensa de Gutenberg e pelo computador pessoal, a evolução da memória passa a acompanhar a evolução tecnológica.
Assim, a internet vem obtendo, aos poucos, uma afirmação de seu papel como memória coletiva da humanidade. A rede pode arquivar mensagens, notícias, artigos, livros, imagens, obras de arte, vídeos e áudio em seu infinitamente vasto espaço virtual. Porém, o diferencial da internet não está no armazenamento desse conteúdo, mas na disponibilização do mesmo para qualquer indivíduo que tenha acesso a um computador e à web, conforme declara João Canavilhas, em sua obra A internet como memória: "esta enorme quantidade de informação disponível não é, só por si, uma marca distintiva da internet em relação aos outros mass media. O que a distingue é a possibilidade desse arquivo ser imediato e global, reduzindo o espaço e o tempo a um momento" (2004, p. 1-2).
No entanto, apesar e/ou por causa de seu imediatismo, a internet precisa superar quatro obstáculos que podem dificultar a sua utilização como registro e memória. São eles:
1. Longevidade do suporte: com a evolução das ferramentas tecnológicas, calcula-se que os atuais meios digitais estarão obsoletos em menos de duas décadas. Assim como os vinis são, para o mundo da música, objetos de colecionador, os disquetes já estão em decadência no mundo informático e, dentro de alguns anos, mídias como o CD e o DVD serão substituídas pelo blu-ray e similares;
2. Acesso: como a informação na web está disponível a todos, precisa-se criar uma espécie de bloqueio que separe a informação coletiva da pessoal. Além disso, é fundamental que se desenvolva um controle sobre a propriedade intelectual alheia e, portanto, uma legislação específica para a área;
3. Ferramentas de pesquisa para informação não textual: freqüentemente utilizado para busca de textos, o Google apresenta um método de pesquisa para imagens pouco eficaz, pois depende do nome dados à foto ou dos textos próximos a ela. Se a internet pretende se tornar um banco de dados da memória humana, será necessário o desenvolvimento de uma ferramenta que seja capaz de buscar imagens e vídeos com sucesso, sem depender de palavras-chave e afins;
4. Usabilidade: faz-se necessário que bancos de dados virtuais guiem o usuário na busca da informação desejada. Assim, precisa-se desenvolver uma barra de navegação que permita ao internauta saber onde ele se encontra e para onde poderá se dirigir no meio;Assim como a memória humana, a memória virtual também pode sofrer do processo chamado de esquecimento. Canavilhas defende que “na web o esquecimento está geralmente relacionado com a quebra das hiperligações”, ou seja, “que uma determinada porção de informação [...] não está disponível porque mudou de local ou porque o servidor onde se encontra guardada está desativado” (2004, p. 3).
Assim como a memória humana, a memória virtual também pode sofrer do processo chamado de esquecimento. Canavilhas defende que “na web o esquecimento está geralmente relacionado com a quebra das hiperligações”, ou seja, “que uma determinada porção de informação [...] não está disponível porque mudou de local ou porque o servidor onde se encontra guardada está desativado” (2004, p. 3).
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