Luciano Guaraldo
Uma das principais características que diferencia o texto webjornalístico de outras formas de produção noticiosa é a hipermídia, uma técnica de escrita não-linear que alia os recursos do hipertexto e da multimídia. Enquanto a última se refere à utilização de diversos meios em conjunto, como áudio, vídeo, imagens e textos, o primeiro consiste em fragmentar o discurso em uma série de blocos de texto ligados entre si por links que permitem ao leitor construir o seu próprio caminho de leitura.
Para a produção de uma boa notícia hipertextual, é necessário que cada um desses blocos de texto sejam independentes um do outro, mas que se complementem se lidos como um todo. Como o próprio leitor faz o seu itinerário de leitura, não cabe ao jornalista produzir notícias que só fazem sentido se lidas em uma certa ordem. Também não se pode partir do pressuposto que o internauta lerá efetivamente todas as notícias relacionadas para compreender a matéria; em tempos corridos de globalização, isso só ocorrerá quando o tema abordado for realmente muito interessante para aquele que acessa a notícia. Segundo Lucia Leão, a tecnologia hipertextual transforma a web em uma teia, em uma malha de informações que se interligam, com conexões que levam a conexões sucessivas e intermináveis.
Outra característica destacável da internet é a possibilidade de interação, de feedback instantâneo e mesmo de remodelação da notícia pelo leitor. Conforme define João Canavilhas, "a internet oferece ao jornalista a possibilidade de falar COM o leitor, em lugar de falar PARA o leitor. E ao falar com o leitor, o jornalista está a dar-lhe a possibilidade de fazer parte da notícia, participando na sua construção através do correio eletrônico ou dos grupos de discussão" (2002, p. 4).
No entanto, o que se verifica hoje na internet é uma interatividade fraca e limitada, a partir de opções pré-definidas. Maria Clara Aquino, em Um resgate histórico do hipertexto, defende que “não é possível considerar a prática hipertextual da Internet de hoje como efetivamente interativa, já que o usuário da rede não interage totalmente nas páginas, porque não possui total liberdade e flexibilidade de se manifestar”.
O jornalismo na internet também apresenta um importante diferencial, devido às possibilidades da rede: a liberdade de contextualização. Livre das amarras do espaço limitado no jornal impresso ou dos contados segundos para a televisão e o rádio, o webjornalista pode se utilizar da natureza hipertextual da web para apresentar todo o histórico da notícia relatada, o que já foi publicado sobre o tema, etc. Dessa forma, o padrão de textos curtos da rede não deve, em hipótese alguma, ser visto como uma “camisa-de-força”; pelo contrário, as possibilidades oferecidas são ainda maiores.
No jornalismo online não há verdades absolutas estabelecidas e nem modelos corretos a serem seguidos. A linguagem e o formato adequado para o meio – que utilize por completo todas as possibilidades que a rede oferece – ainda estão em processo de construção, e o debate, a conversa e a troca de idéias fazem-se necessários para a configuração do estilo desejado.
quinta-feira, 19 de abril de 2007
Como fazer jornalismo na web
Postado por Luciano às 20:47
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