Luciano Guaraldo
As novidades tecnológicas estão transformando radicalmente o ambiente de trabalho, as rotinas e as normas da atividade jornalística. O mais recente salto ocorreu com a popularização da internet, no fim da década de 1990, quando surge um novo panorama na sociedade mundial e, principalmente, na comunicação midiática.
Dessa vez, a mudança ocorreu não apenas no processo de produção, mas estendeu-se a ponto de alterar até mesmo o comportamento do público receptor da notícia. Anteriormente classificados como consumidores passivos, os leitores estão passando para a categoria de público ativo, com a possibilidade de interferir no conteúdo lido de diferentes maneiras. A interatividade com o leitor deixa de ser uma mera opção e torna-se uma obrigação, com a criação de fóruns, enquetes e grupos de discussão dentro de diversos jornais online.
Essa interação produtor-consumidor atingiu tal estado que está se estendendo para outras mídias. Na televisão, por exemplo, é cada vez mais comum observar apresentadores de televisão dizendo que “maiores informações podem ser encontradas no site do programa”, ou que algum especialista participará de um chat com o público que tiver dúvidas sobre o tema abordado.
O jornalista não é um profissional como um médico ou um advogado, pois a relação que o primeiro estabelece com seus clientes (os leitores) é diferente da estabelecida pelos outros. Como defende João Canavilhas, na obra Texto inteligente e qualidade (quase) zero, “o jornalista não oferece os seus serviços a um particular, mas a um conjunto de pessoas, entendendo essa missão como um serviço público” (2002, p. 1). Assim, sem o contato direto com seu cliente, torna-se praticamente impossível ao jornalista conhecer o público e seus desejos, especialmente porque um público grande e heterogêneo apresenta desejos distintos e, muitas vezes, contrários.
No jornalismo na web, a situação se complica ainda mais, pois o público que consumirá o produto não está restrito a um espaço geográfico; ele pode acessar a notícia de qualquer parte do mundo.
Uma recente dissertação de mestrado do norte-americano Max Magee, da Universidade de Northwestern, mostrou que a grande diferença entre profissionais do jornalismo online e de formas preexistentes não é a mera utilização das questões tecnológicas, e sim a forma diferente de pensar.
A internet, dentro de suas especificidades, obriga o webjornalista a criar seu texto em formato de hipermídia, produzindo narrativas não lineares que possibilitam ao leitor criar o seu próprio caminho de leitura, de forma que os diversos textos façam sentido em sua individualidade e também como um documento completo.
quinta-feira, 19 de julho de 2007
O jornalismo na rede
Postado por Luciano às 20:51
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