sábado, 18 de outubro de 2008

Mudamos

A partir de agora, estou em novo endereço. Uma nova fase, nova experiência. Agradeço a todos os que participaram deste blog e aos que o visitaram.
Convido-os para navegar pelos mares da literatura em
http://www.livrosnamesa.blogspot.com

Abraço,
Prof. Mauro

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

No centenário de Machado - II

Machado de Assis acreditava que todo sentimento nacional deveria inspirar-se em fatores reais do país e não apenas em fórmulas estanques. Enquanto crítico, preocupava-se em livrar os escritores de seu tempo da obrigação patriótica de serem pitorescos. Somente a partir da incorporação deste sentimento íntimo poderia o artista ser fiel ao seu tempo e ao seu país, mesmo que abordasse assuntos estrangeiros.
Atuando numa época de transição política (a crise do Segundo Reinado, as lutas entre conservadores e liberais por espaços de poder, a inevitável emergência da República e o drama da escravidão) e literária (na confluência de Romantismo, Realismo e Naturalismo), Machado buscou ainda esboçar um código definidor das qualidades intelectuais e éticas para a atuação do crítico. Assim, são pressupostos do verdadeiro espírito crítico a coerência de critérios e a tolerância, assim como a independência e a imparcialidade diante do objeto analisado. Não formulou um quadro de valores, pois estes ainda estavam em gestação, mas está longe de ter sido um crítico malogrado, como o considerou Tristão de Ataíde.
Machado foi severo ao diagnosticar a inexistência de atividade crítica em seu tempo, pelo menos daquela crítica capaz de exercer papel decisivo no sistema literário por meio de influência cotidiana e profunda. Quanto ao romance, acusou a ausência de caracteres e de análise profunda da sociedade. Neste ponto, cabe uma indagação a respeito de sua concepção de romance enquanto gênero e estilo, que será posta em prática a partir de Memórias Póstumas de Brás Cubas (no plano do conto, seu equivalente será o volume Várias histórias).
Brás Cubas não é um herói problemático como o Julien Sorel ou o Lucien de Rubempré, nem as Memórias se enquadram no modelo hegemônico de romance realista, já que suas influências capitais são Sterne e Xavier de Maistre. No entanto, o problema das relações entre particular e universal, ponto central de sua visão crítica, e formulada, como vimos, por meio da condenação ao localismo pitoresco, remete-nos à busca dos traços distintivos da sociedade brasileira e à discussão entre originalidade e cópia.
M.S.V.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

No centenário de Machado de Assis

A atividade crítica de Machado de Assis foi a um só tempo curta e duradoura. Foi curta se considerarmos a pequena quantidade de artigos de que se compõe e o escasso intervalo em que foi concebida, entre 1858 e 1879. Mas foi extremamente duradoura quanto às implicações provocadas na posteridade pelas questões e temas abordados.
No dia em que se comemora o centenário de nascimento de nosso escritor maior, invoco a face talvez menos conhecida de sua obra: a de crítico literário. Autor de textos críticos até hoje importantes, como Instinto de nacionalidade, O ideal do crítico ou O passado, o futuro e o presente da literatura brasileira, Machado demonstrou estar atento aos problemas literáriros de seu tempo. Assim, não hesitou, por exemplo, em criticar os solecismos da linguagem comum, que considerava um defeito grave, e a forte influência da língua francesa. Em relação ao teatro, chegou a minúcias como a proposta que estabelecia regras sobre os direitos de representação e também a criação de impostos sobre as traduções, pois via com preocupação a enorme quantidade de peças francesas encenadas no Brasil de então.
Mas o aspecto central a considerar hoje é a crítica ao localismo pitoresco e ao falso instinto de nacionalidade, elementos que o autor de Dom Casmurro identificou na literatura de seu tempo. Amparado no desejo de criar uma literatura mais independente dos modelos europeus, em 1873, Machado de Assis insta seus contemporâneos a repensar o legado estético do Arcadismo e o predomínio dos temas indianistas. Basílio da Gama e Santa Rita Durão são os principais objetos de crítica, pois não souberam se desligar da matriz árcade. “Admira-se-lhes o talento, mas não se lhes perdoa o cajado e a pastora”, escreve no artigo “Instinto de nacionalidade”. Para Machado de Assis, indianismo não era representativo da totalidade do universo ficcional brasileiro. Era, evidentemente, um legado reconhecido pelo crítico, mas não poderia continuar a ser a única fonte de inspiração. Volto ao tema.
M.S.V.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Blogs e prática de texto

Reproduzo a seguir trecho da reportagem “Laboratórios de criação”, de autoria da jornalista Karla Beraldo, publicada no Jornal da Cidade, de Bauru/SP, em 31 de agosto último. O tema é atual e dinâmico: blogs, literatura e prática de texto.
Uma coisa é certa: blogs não atualizados são páginas mortas. Entre as características intrínsecas dessa ferramenta virtual, a necessidade de atualização freqüente é a principal responsável pelos blogs serem considerados berços de futuros escritores.
Para o professor Mauro Souza Ventura, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru, escrever em um blog com assiduidade e regularidade pode ser o primeiro, ou um importante passo, na trajetória de um escritor. “O blog tem uma característica fundamental: a gente precisa escrever. E o exercício textual, que se faz presente e necessário, faz dos blogs uma espécie de laboratório de escrita e criação”, acredita.
Para o professor, o maior desafio do blogueiro é, justamente, conseguir atualizar a sua página. “E para quem escreve, essa prática cotidiana é importantíssima”, completa.“O blog tem muita essa idéia de ser um diário mesmo.
Se não tivermos um texto pronto para postar, vamos tentar escrever, o que acaba sendo uma oficina”, diz o estudante de letras Thiago Augusto Côrrea, 23 anos, responsável, ao lado de mais três amigos, por “alimentar” um blog literário - “Quatro Patacas” - a cada dois dias.
Para Alê Félix, proprietária da editora Gênese, a Internet tem plenas condições de atuar como uma importante mola propulsora para os escritores. “Abrir um blog, aprender a escrever despretensiosamente, interagir com os leitores por meio dos comentários, são todos caminhos para tornar um bom escritor conhecido”, considera.
Félix, que também assina um blog - www.alefe lix.com.br -, é uma das idealizadoras do projeto “Blog de Papel”. Segundo material de divulgação, o livro, lançado em 2005, é uma tentativa de mostrar no papel - como o próprio nome diz - um pouco do que os ilustres desconhecidos estão aprontando na Internet.
O resultado foi a reunião de 14 textos de autores que gostam de escrever e 14 ilustrações de artistas que utilizam os blogs como meio de divulgar seus trabalhos.Para a empresária, o diversificado leque de possibilidades oferecido pelos blogs faz com que os usuários tenham em mãos mais do que um laboratório.
“Você pode publicar de livros a pequenos textos, testar novos formatos. Um blog pode se tornar o seu livro, sua vitrine, seu ponto de venda. Para uma mente criativa e empreendedora, basta navegar e começar a escrever”, acredita. Alguns defendem, porém, que a “onda” de escritores descobertos pela Internet, como foram João Paulo Cuenca, Clarah Averbuck, Daniel Galera e agora Vanessa Bárbara, está cada vez mais difícil, por conta da grande proliferação dos blogs.
Para se ter uma idéia, de acordo com pesquisas divulgadas na própria rede, estima-se que 175 mil novos blogs sejam criados a cada dia no mundo. “Não só o próprio blog como as outras ferramentas da Internet já provaram que são capazes de mostrar novos talentos que a ‘indústria’ não vê.
Mas há poucos autores que conheço que saíram do blog para o livro”, lembra o estudante Corrêa. Para ele, o processo de criação, muitas vezes diário, e o grande número de leitores que se conquista via web são muito importantes, mas “entre sentar de frente de um PC para escrever um livro e ser publicado por uma editora, vai um longo caminho”, avalia, consciente.
Na Cosac Naify, editora pela qual Vanessa Bárbara lançou “O Livro Amarelo do Terminal”, não existe um mecanismo nem um setor responsável pela caça de novos talentos. Segundo Cassiano Elek Machado, diretor editorial da Cosac Naify, Vanessa, a dona do “Hortaliça”, uma espécie de franzine publicado na Internet, é o único caso de um escritor descoberto na web existente na editora.
Entretanto, para Machado, os blogs já foram, e ainda são, embora em menor escala, importantes ferramentas para os escritores no mundo atual. “Por conta de duas finalidades: para que os autores divulguem seus trabalhos e, sobretudo, para que eles consigam fazer de sua prática um trabalho conhecido”, finaliza.

domingo, 10 de agosto de 2008

Karadzik, o genocida que escrevia poemas

Dos comentários que li sobre a prisão de Radovan Karadzic, o ex-líder sérvio que comandou a limpeza étnica na guerra dos Bálcãs, chamou-me a atenção o artigo de Slavoj Zizek (FSP, 27/7/08, Mais!, p.10). O filósofo esloveno explorou o lado menos conhecido da personalidade de Karadzik: o genocida foi também poeta. Assim, segundo Zizek, a poesia do ex-lider sérvio “não deve ser simplesmente descartada como ridícula – merece ser lida com atenção pois oferece uma pista para a compreensão de como funciona uma limpeza étnica”.
Após citar trechos de poemas publicados por Karadzik, Zizek afirma que as atrocidades cometidas pelos soldados sérvios a mando do ex-lider foram na verdade a continuação (ou a materialização) de sua própria poesia, repleta de imagens que remetem ao chamado do superego e a um hedonismo sem limites.
Em seguida, responsabiliza os poetas da ex-Iuguslávia que, entre os anos 1970 e 1980, “começaram a espalhar as sementes do nacionalismo agressivo não apenas na Sérvia, mas também em outras repúblicas pós-iuguslavas”.
Pode-se argumentar que Karadzic foi um poeta menor, e que o filtro da história se encarregará de sepultar esses versos nacionalistas, permeados de retórica política.
Zizek, porém, não se contenta com esse argumento, preferindo dar razão a Platão em sua declaração de que os poetas deveriam ser expulsos da cidade. “A julgar por essa experiência pós-iuguslava, em que a limpeza étnica foi preparada pelos sonhos perigosos de poetas, é um conselho bastante sensato”, escreve.
Então, pergunto: Até que ponto a poesia de Karadzik foi de fato difundida entre os leitores iuguslavos? Há muito tempo que a literatura -- e ainda mais a poesia! -- não é capaz de mobilizar corações e mentes. Não vivemos mais numa república das letras. Portanto, a relação entre poesia e barbárie, invocada por Zizek, talvez não se sustente nesses termos.
Um questão, porém, não deixa de pedir explicação: o responsável por uma limpeza étnica tem o hábito de escrever poemas. E mais: sob pseudônimo, era colunista de uma revista chamada “Vida Saudável”. Pode um assassino escrever um bom poema?
M.S.V.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

A morte da ironia

Já dizia o crítico norte-americano Harold Bloom que a morte da ironia é a morte da leitura. Na ironia, que talvez seja a mais fina e sutil figura de linguagem, as palavras assumem significados diferentes do literal, com o propósito de sugerir exatamente o oposto daquilo que estamos dizendo na superfície.
A julgar pela polêmica gerada pela capa da mais recente edição da revista The New Yorker será preciso muito esforço para resgatar a capacidade dos leitores de ler para além da superfície.
O objetivo da revista ao publicar a charge aí ao lado era justamente ironizar as críticas infundadas que Obama e sua mulher vêm sofrendo nas últimas semanas. É evidente que os leitores da revista entenderam, e se divertiram com a piada. Mas e os demais? Para estes, é preciso dizer literalmente que Obama nem é muçulmano, nem terrorista. Ora, uma revista inteligente precisa ser capaz de surpreender o leitor; e nesse aspecto a The New Yorker acertou em cheio. M.S.V.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Criação literária em blogs

A relação do escritor com o blog talvez seja semelhante à que o escritor mantém com a crônica. Tanto o blog quanto a crônica funcionam como laboratório, exercício de escrita, contato com o mundo e com o leitor.
Um escritor precisa de visibilidade. E o exercício semanal da crônica, publicada em jornal ou revista, funciona como uma vritrine e como um espaço dialógico com o leitor. O blog talvez cumpra essa mesma função, no caso dos escritores em início de carreira ou que, mesmo não o sendo, já estão familiarizados com esse suporte.
Ao mesmo tempo, para quem escreve ficção, o blog pode funcionar como um laboratório de criação. Aqui estamos diante da hiperficção, modalidade narrativa que surge a partir da idéia de hipermídia e de hipertexto.
Assim, diante de questões como se os blogs podem ou não ser considerados berços de futuros escritores, a resposta é sim. Ora, o trabalho do texto é o berço do escritor. E não precisa ser necessariamente no blog, mas em qualquer mídia que veicule texto. Além disso, sempre se pode testar algumas histórias no blog antes de colocá-las em livro.
No vasto universo da blogosfera, destaco três blogs de escritores que fazem deste suporte um laboratório de criação.
O primeiro é o do poeta e jornalista Fabrício Carpinejar, do Rio Granbde do Sul, cuja produção poética pode ser conferida aqui. Também do Sul é o blog de Paulo Ribeiro, escritor, cronista e jornalista de Caxias do Sul. Em vitrola dos ausentes, o leitor pode conhecer um pouco da obra do autor e do seu estilo bem peculiar. As luas que fisgam o peixe, publicado no ano passado, reúne em livro crônicas produzidas e postadas inicialmente no blog de Paulo Ribeiro.
O terceiro blog que destaco é o do poeta Chacal, que despontou nos anos 70 e que é um dos mais importantes nomes da produção poética das últimas décadas. A exemplo de Carpinejar e Ribeiro, publica suas produções literárias no blog chacalog.
Outro dia me perguntaram se o blogueiro é escritor. Não, assim como nem todo cronista é escritor (de ficção, no caso).
Mais complexa, no entanto, é a relação entre blog e estilo literário. Todo suporte deixa marcas na escrita. Há uma série de traços estilísticos que são típicos da escrita de blogs. E isso talvez influencie a própria narrativa de um conto ou romance concebidos por um escritor que, antes de ser escritor, já era blogueiro.
Tudo depende de quem posta as matérias no blog. Seja como for, escrever num blog (com assiduidade e regularidade) pode ser o primeiro, ou um importante passo, na trajetória de um futuro escritor.
M.S.V.

terça-feira, 15 de julho de 2008

A função dos blogs

Qual é a função dos blogs? O que é mais importante: ter audiência ou ser relevante no seu segmento? E as postagens pagas? O blogueiro que recebe para escrever sobre tal assunto não deveria informar seus leitores sobre essa prática? Uma coisa é um anúncio no lado esquerdo ou direito da página; outra muito diferente é a matéria paga.
Gosto de pensar nos diários virtuais como uma alternativa de informação e de opinião à grande mídia. Transparência e independência são, ou deveriam ser, os valores supremos de um blog.
Afinal, blog não precisa obrigatoriamente de propaganda para sobreviver. Se correr atrás de audiência, ou se pautar seus posts por esse critério, o blog acabará reproduzindo a grande mídia.
O mesmo vale para os blogs de portais. Se estão lá, é por que se pautam pela audiência, pelo entretenimento, por critérios de noticiabilidade na maioria das vezes viciados. Portais currais, como já disse André Lemos.
Também me incomoda o excesso de opinião nos blogs. A opinião sozinha quase nada vale. É preciso estar apoiada em informação ou em análise.
A repercussão de assuntos, ou a prática de reblogar aquilo que se viu em outro site ou blog, não pode ser a matéria-prima principal de um blog. Se não vira clipping.
Se um blog deseja firmar-se enquanto espaço jornalístico, então precisa deixar bem clara essa posição.
Os blogs não podem repetir a grande imprensa.
Afinal, o que os define é o viés colaborativo, seja do ponto de vista tecnológico (pela exclusão dos intermediários), seja no aspecto de conteúdo.
M.S.V.

domingo, 6 de julho de 2008

Internet na Classe C

Sempre fui um otimista em relação ao futuro do webjornalismo. Ao mesmo tempo, jamais deixei de considerar, principalmente aos meus alunos na Unesp, que este futuro dependia do grau de inclusão digital da sociedade brasileira.
E sempre que me questionavam sobre tendências do webjornalismo respondia com uma ponderação: depende do país, depende da região.
Agora o Portal Terra divulga resultados de pesquisa sobre os internautas brasileiros. Os dados coletados são interessantes e indicam um avanço do acesso à Rede entre integrantes da classe C.
Vejamos:
  • 49,4% dos jovens da classe C acessam a Internet de casa;
  • 23,6% acessam a Internet a partir de lan houses;
  • 77,2 % dos internautas da classe C tem conexão banda larga;
É preciso observar que a pesquisa foi feita apenas em três capitais (São Paulo, Recife e Porto Alegre), a partir de um universo de 600 entrevistados. Logo, não reflete o Brasil como um todo.

A pesquisa ainda informa que houve pequena variação no percentual de acesso à Rede junto à classe C: no ano passado eram 37% do universo total de internautas brasileiros e, nesse ano, deve chegar a 40%.
De novo é preciso lembrar a limitação da pesquisa. Mas não deixa de ser auspicioso pensar que o acesso à Rede caminha, ainda que lentamente.

Por fim, uma pergunta: onde esses jovens buscam informação? Ou será que a informação vai até eles? E de que qualidade e com qual credibilidade isso ocorre? Perguntas para uma outra pesquisa.
Prof. Mauro

domingo, 29 de junho de 2008

O webjornal e a distribuição de conteúdo

Imagine ter acesso ao conteúdo informativo de um site de notícias em locais como lojas virtuais, blogs, redes sociais como Orkut, Facebook ou MySpace, e até em mapas do Google Earth.
Pois é este o objetivo do The New Yotk Times. Um dos mais influentes jornais americanos, o Times não está satisfeito em continuar apenas produzindo conteúdo: quer também se transformar numa plataforma de distribuição de conteúdo.

Reportagem de Rodrigo Martins no Caderno Link (OESP, 2/6/08) informa que o jornal americano irá liberar os códigos-fonte que possibilitam acesso ao seu conteúdo. Com isso, os programadores de outros sites, blogs e redes sociais poderão não só reproduzir como combinar o conteúdo noticioso do Times com produtos e serviços oferecidos na rede.

A iniciativa é uma estratégia para atrair o público jovem para o jornal, ou melhor, para o conteúdo do jornal, esteja o leitor onde estiver, em blogs, redes etc. “Os jornais não podem mais ser só jornais. Têm de ser produtores de conteúdo para todas as mídias”, afirmou Mark Frons, o responsável pela área de tecnologia do NYT.
Prof. Mauro

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Pequena crônica sobre um grande gênero

Entre todos os gêneros de escrita, a crônica talvez seja o mais livre e, ao mesmo tempo, mais difícil de ser definido. E isto se deve, creio, à amplitude estilística e temática que a caracterizam.
Na imprensa brasileira, por exemplo, tudo aquilo que é publicado sob a rubrica de crônica acaba se incorporando a esse caldeirão de estilos em que cabe tudo, ou quase.
O escritor e jornalista Carlos Heitor Cony, por exemplo, classifica de crônica todos os seus escritos jornalísticos. Onde quer que escreva e sobre o assunto que for, será sempre crônica, costuma repetir em suas entrevistas.
No Brasil, a crônica é praticada desde o início de nossa literatura. Há quem diga que se trata de um gênero tipicamente brasileiro, assim como o ensaio é identificado como um gênero tipicamente inglês.
É evidente que não somos os únicos a escrever crônica e nem o ensaio é exclusividade dos praticantes do idioma de Shakespeare. São apenas associações entre estilo e cultura.Iniciei com uma referência à amplitude estilística e temática da crônica. Vejamos como isso funciona.
Machado de Assis, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Rubem Braga: todos pertencem ao primeiro time da literatura brasileira e todos escreveram crônica durante a vida, muitas vezes até para ganhar o sustento. E ao fazê-lo, cada um deles imprimiu seu próprio estilo ao gênero.
Tanto é que quando falamos do Machado cronista, logo pensamos na política brasileira na época do Segundo Reinado. Mário de Andrade e Manuel Bandeira escreveram crônicas mais ligadas a aspectos históricos e culturais, enquanto Drummond imprimia poesia em seus textos para jornal.
Dos citados, Rubem Braga tem uma particularidade: sua obra maior é a crônica e a ela dedicou todo o seu talento criativo. Por isso a crítica o considera o maior cronista da literatura. São antológicas as páginas de “O conde e o passarinho”, “A borboleta amarela” ou “Ai de ti, Copacabana”, só pra ficar em três exemplos magistrais.
Pano rápido para a atualidade: Luís Fernando Veríssimo, Arnaldo Jabor, Zuenir Ventura, Contardo Calligaris e o já citado Carlos Heitor Cony. De novo temos cinco estilos e temáticas diferenciadas. Humor, comportamento, política, cotidiano, conflitos existenciais. Não há limites para a crônica, ainda que seu ponto de partida seja quase sempre o episódico, a atualidade, a vida ao rés-do-chão.
Mas o desafio maior de todo cronista está em ultrapassar esse elemento episódico que a inspirou e falar de perto ao leitor, sempre naquele tom de despretensão e oralidade que torna a crônica um gênero tão peculiar.
Como lembra o crítico Antonio Candido, nenhuma literatura se sustenta apenas com cronistas. Mas, penso eu, nenhuma literatura e nenhum jornalismo podem prescindir do olhar irônico, poético e sorrateiro do cronista, que sabe como poucos fisgar o leitor.
Prof. Mauro

terça-feira, 10 de junho de 2008

A blogosfera cubana conhece o debate

Para todos os que, em algum momento de suas vidas, se encantaram ou simplesmente acreditaram na revolução cubana, ocorrida em 1959 e intensificada nas décadas seguintes, a questão da liberdade de imprensa naquele país sempre foi motivo de polêmica.
No final dos anos 1970, ao ler A ilha, o pequeno e, na época, instigante livro-reportagem de Fernando Morais, lembro de não ter ficado nada convencido diante da inexistência de imprensa de oposição ao regime de Fidel, nem da explicação dada por um dos líderes do governo de que a liberdade de imprensa era algo meramente burguês. Combinar socialismo com liberdade sempre foi uma questão difícil de resolver e Cuba até hoje engatinha nisso.
Agora, o debate retorna, motivado pela explosão da blogosfera cubana, onde internautas independentes expõem suas críticas ao governo e este, por sua vez, reage incentivando e alimentando blogs que defendem o regime. Tudo muito natural, dirão alguns. Não é tão natural assim, em se tratando de Cuba.
Vejamos os fatos. De um lado está o blog Generación Y, www.desdecuba.com/generaciony, criado por Yoani Sanchez, que com seus 9 milhões de acessos somente em maio (Folha de S. Paulo, 7/6/08, p.A26) ganhou visibilidade na imprensa mundial como um canal de oposição. De outro está o Blog do Yohandry, de Yohandry Fontana, http://yohandry.wordpress.com/, que defende o governo cubano e faz acusações a Yoani.
Além destes, há outros blogs que agitam a raquítica esfera pública cubana e o assunto não seria digno de nota não fosse a escassez de debate e a inexistência de pluralismo político e midiático naquele país. Em Cuba, a blogosfera cumpre um papel que deveria ser das mídias tradicionais. Espera-se que a sociedade civil descubra os ganhos de viver em uma sociedade em que é possível e necessário expor publicamente as próprias opiniões.
Prof. Mauro

domingo, 1 de junho de 2008

Webrádio, veículo colaborativo

Outro dia comentei aqui mesmo que o modelo tradicional de radiodifusão precisa mudar para não ficar obsoleto, principalmente diante das novas formas de se ouvir e produzir rádio. Nesse sentido, o site www.nooradio.com.br está em sintonia com esses novos formatos.

Criado por Magaly Prado, jornalista, radiomaker e professora da Faculdade Cásper Líbero, em S. Paulo, o site surgiu de sua primera pesquisa na área, intitulada "Audiocast livre: um produto da comunidade dos descontentes", produzida como dissertação de Mestrado em Tecnologias da Inteligência e Design Digital , da PUC/SP. De acordo com o material de divulgação do site, os formatos tradicionais de rádio devem ceder lugar aos conceitos de "troca e colaboração nas construções sonoras, incentiando o ouvinte a ser criador e revelando um espaço para ele produzir e encontrar o que não é possível em meios tradicionais".

Magaly Prado explica no site que a proposta do Nooradio é "estimular o próprio usuário a lançar audiocasts nos quais o ouvinte possa interferir no conteúdo. Não é mais suficiente deixá-lo participar apenas da produção e da pro­gramação, mas também instigar esse ouvinte a usar softwares de montagem e edição, tornando-se co-autor no melhor estilo colaborativo. É necessário enfatizar ainda que o produto idealizado deve proporcionar total liberdade de intervenção por parte do ouvinte".

Pelo visto, o velho sistema broadcast está com os dias contados. Em seu lugar, surge a rádio personalizada, ou melhor, customizada do audiocast.
Prof. Mauro

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Convivência entre impresso e digital

Pouco a pouco, cai por terra a crença de que a versão digital de um veículo canibaliza e compete com a edição impressa. Jornais e revistas implantam suas versões digitais com a finalidade de divulgar, complementar e trazer informações atualizadas aos leitores, seja no período de um dia, para os diários, uma semana ou um mês no caso das revistas. Em outras palavras, são estratégias de fidelização do leitor.
Agora chega a notícia de que um blog do The New York Times, o City Room, dedicado ao noticiário local de Nova York, será publicado também na edição impressa do jornal. Pode parecer uma contradição, já que o blog é uma ferramenta tipicamente web, mas na verdade trata-se de uma estratégia para direcionar os leitores do impresso para o site do NYT.
Deste modo, impresso e digital tendem cada vez mais a caminhar na mesma direção.
Prof. Mauro

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Hipertexto: do livro ao texto

Um dos impactos da tecnologia da hipermídia está na nova relação que se estabelece entre texto e livro. Na história das tecnologias do escrito, o texto existe em função de seu suporte material, no caso, o livro. A textualidade digital instaura uma nova relação entre esses elementos.

Veja-se o caso dos processos de digitalização. Quando se digitaliza um texto no modo “somente texto”, por exemplo, este torna-se manipulável eletronicamente. Como assinala o estudioso do assunto Jean Clément, é o próprio livro enquanto objeto que desaparece, juntamente com as referências de paginação e os instrumentos de leitura. Estamos diante de uma alteração nos modos clássicos de leitura.

“Nessa perspectiva, o texto não é mais lido de maneira linear em seu eixo sintagmático, é sondado em seu eixo paradigmático”, escreve Clément. Para além do texto eletrônico, é a técnica do hipertexto que aprofunda a mudança epistemológica em curso, passagem para uma visão mais complexa e menos fechada do conceito de texto. Em outras palavras, passagem do livro ao texto.

Para saber mais:
CLÉMENT, Jean. “Do livro ao texto. As implicações intelectuais da edição eletrônica”. In: Süssekind, F. e Dias, T. (Org.) A historiografia literária e as técnicas de escrita. Rio de Janeiro: Ed. Casa de Rui Barbosa: Vieira e Lent, 2004, p.28-35.

Prof. Mauro

sábado, 10 de maio de 2008

Radiodifusão na era digital

O que o futuro reserva para a radiodifusão na era da internet? Estações de rádio e de televisão abertos presisam repensar seus papéis em função dos hábitos de informação, entretenimento e consumo das novas gerações. Refir0-me, em especial, aos novos produtos digitais como You Tube, blogs e podcasts, cuja atuação interfere diretamente na audiência do rádio, principalmente.

De acordo com o presidente da Associação Norte-Americana de Radiodifusores, David Rehr, "as novas gerações quase não ouvem rádio" (Cf. OESP, 16/4/08, p.B-13). Não sei se isso já acontece no Brasil, mas é significativo que as operadoras de celulares ofereçam aparelhos telefônicos dotados de rádio FM. É sinal de que por aqui o rádio ainda tem audiência. Pelo menos por enquanto.

Seja como for, não há dúvida de que o modelo tradicional de radiodifusão precisa mudar para não se tornar obsoleto enquanto produto capaz de seduzir as novas gerações. Afinal, existem hoje outras opções para ouvir música e informação.

Prof. Mauro

terça-feira, 22 de abril de 2008

Internet na China: acesso controlado

Desde que surgiram, os blogs sempre foram encarados como uma ferramenta de democratização da informação. Pois a experiência chinesa parece demonstrar que as coisas não são bem assim, e que a Internet pode ser usada tanto para a circulação das idéias como para o direcionamento da opinião pública. Reportagem da correspondente de O Estado de S. Paulo em Pequim, Cláudia Trevisan (21/4/08, p.A-16), informa que a China vivencia uma situação paradoxal: “ser um país autoritário que abraçou com fervor a Internet”.
Tal contradição é expressa pelo investimento pesado feito em infra-estrutura para expansão da Internet, o que transformou a China no país com o maior número absoluto de internautas, mais até do que os EUA: são 220 milhões de pessoas conectadas.
Ao mesmo tempo, o governo trata de controlar a informação que circula na net. Ainda segundo a reportagem, a censura chinesa utiliza palavras-chave para bloquear o acesso a sites indesejados.
Assim, por exemplo, se um site contém termos como “eleições livres”, “independência do Tibete” ou “Independência de Taiwan, o link exibe o famigerado not found, tão conhecido de quem navega pelo labirinto da web.
Chats, blogs e até e-mais são objeto de monitoramento, feito por um “exército de cerca de 30 mil a 40 mil censores, que monitoram as discussões online”, informa a jornalista. Isso sem falar na autocensura a que se submetem sites de busca e provedores de serviços de Internet.
Quando a liberdade de expressão encontra ambiente hostil para germinar, frutifica esse sentimento terrível que é a autocensura. Vivenciamos isso aqui no Brasil dos anos 1970. Sabemos que o caminho é longo e cheio de desafios, que a sociedade chinesa terá de enfrentar se quiser fazer uso pleno desta tecnologia maravilhosa que é a Internet.
Prof. Mauro

segunda-feira, 7 de abril de 2008

10 anos de blogs no Brasil - Consolidação de um jovem canal de informação

Em 2008 completam-se 10 anos da publicação do primeiro blog brasileiro, o Diário da Megalópole, escrito por Renato Pedroso Júnior, conhecido como Nemo Nox. Já em 1997 havia outros tipos de publicação semelhantes, mas blog em sua essência e formato apenas aportaram em terras brasileiras pelas mãos de Nox:

"Start spreading the news, I'm leaving today, I want to be a part of it - New York, New Yo… Corta! Música errada, cidade errada, país errado. Tentemos novamente… Alguma coisa acontece no meu coração, que só quando cruzo a Ipiranga e a avenida São João… Agora sim! Sampa, aqui me tens nemonoxiando pela dura poesia concreta de tuas esquinas (thanks, Caetano!). Desde a última semana de março de mil novecentos e noventa e oito, sou mais um habitante desta megalópole pulsante, insignificante indivíduo numa coletividade de mais de dez milhões de pessoinhas. " (31/03/1998)

Passada uma década, o papel dos blogs no Brasil e no mundo foi profundamente alterado. Cada dia menos, os blogs são associados com os diários eletrônicos de jovens e adolecentes criados noinício do século. Dada a versatilidade de utilização desse formato e canal de informações (ou poderia-se arriscar uma definição de meio, mesmo não utilizando uma plataforma própria, mas sim a rede mundial de cmputadors, comum a tantos outros formatos), os blogs passaram a ser os "Ás na manga" de empresários e comunicólogos, jovens e adultos, enfim, um espaço passível de múltiplas utilizações por todos os públicos.

A grande vantagem dos blogs reside justamente nesse caráter, aproximar diferentes públicos, conferindo-lhes o poder de informar da mesma forma como são informados. Nenhum outro meio, canal ou instrumento de comunicação jamais, em toda a história conhecida, conferiu tamanho poder à sociedade.

Aliada a essa força comunicativa, os blogs têm a seu favor a mutabilidade: a constante mudança e as melhorias efetivadas nos mecanismos de construção e de administração de conteúdos (CMS) que possibilitam a um sem número de pessoas se inserir na blogosfera.

Os blogs deixaram de ser uma febre, pois esta expressão demonstra um estado passageiro ou aque se pretende que seja apenas momentâneo.

Passados dez anos, "A consolidação dos blogs no Brasil" é visível. A que novos papéis, então, os blogs se candidatarão em um futuro próximo?

O início da primeira postagem

terça-feira, 25 de março de 2008

Internet chega a 40 milhões de usuários no Brasil

Pesquisa divulgada pelo Ibope (Ibope/Gnett - Base Dezembro/2007) apontou que 40 milhões de brasileiros acessaram a rede mundial de computadores em 2007. O número é 27% maior que o de 2006, quando cerca de 33 milhões de pessoas utilizaram a Internet no país. A pesquisa aponta ainda que há um potencial de crescimento de 15%, ou seja, 5 milhões de usuários a mais, em 2008.

O crescimento da rede no país pode ser explicada por fatores como o crescimento na venda de microcomputadores - que pela primeira vez na história foi maior que a comercialização de televisores - e pela grande inserção de usuários da classe econômica C na rede. Em 2007, foram vendidos aproximadamente 10,7 milhões de computadores, enquanto a venda de televisões chegou a 10 milhões de unidades. A participação da classe C no total de indivíduos que acessaram a internet chegou a 37% em 2007 e há uma perpsectiva de que esse índice chegue a 40% neste ano.

Dado o crecimento da rede mundial de computadores no Brasil, ficam alguns questionamentos. Qual o papel dos meios de comunicação no processo de integração da sociedade brasileira na Internet? O que os media devem fazer para se adaptarem a essa nova situação global? Como verter novos paradigmas da comunicação para um meio em desenvolvimento e constante mutação, cujos usuários se tornam cada vez mais numerosos e exigentes?

Apesar de ser a mídia que obteve o maior rendimento bruto em 2007, cerca de 46%, a Internet ainda congrega apenas 2,8% da fatia publicitária nacional, incluídos os anúncios em sites de busca e links publicitários.

Dada a proporção de evolução da rede no Brasil, dois são os novos desafios lançados aos gestores da rede e produtores de informação, como os jornalistas e meios de comunicação. O primeiro é estabelecer propostas de gerenciamento publicitário dentro da rede para sustentar um modelo dedesenvolvimento de conteúdo da Internet que possa acompanhar o crescimento dos usuários. O segundo, e mais urgente, se concentra em abrir a gama de conteúdos da rede para cobrir uma parcela socio-econômica cada vez mais ampla e segmentada da sociedade brasileira.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Clipping Jornalismo Digital Nº1

Web 3.0: especialistas falam da nova era da mobilidade e da intuição na internet
Agnes Dantas - O Globo Online

RIO - Imagine ir ao cinema, pedir pelo celular a lista de filmes em cartaz, comprar o ingresso após ler sinopses e dicas de outros espectadores e, de quebra, descobrir onde fica o restaurante mais próximo, com direito a mapa indicativo e notas de 0 a 10, dadas por outros freqüentadores do local. Muitos usuários já ouviram falar da chamada Web 2.0, e muitos outros internautas - nada adeptos a termos taxativos - já enxergam a internet como palco de comunidades, de multimídias colaborativas, de blogs e de interação. Pois especialistas do mercado brasileiro e de empresas internacionais já debatem como serão os caminhos da nova era da internet, da mobilidade e da intuição, que já está sendo chamada de Web 3.0 ... +


Mino Carta se solidariza com Paulo Henrique Amorim

19/03/2008 12:54
O último post

Meu blog no iG acaba com este post. Solidarizo-me com Paulo Henrique Amorim por razões que transcendem a nossa amizade de 41 anos. O abrupto rompimento do contrato que ligava o jornalista ao portal ecoa situações inaceitáveis que tanto Paulo Henrique quanto eu conhecemos de sobejo, de sorte a lhes entender os motivos em um piscar de olhos... +

O iG rompe com o Conversa Afiada
Blog do Ombudsman

O leitor do iG foi surpreendido hoje, entre 16h15 e 16h30, com a retirada do ar do site “Conversa Afiada”, de Paulo Henrique Amorim. Oficialmente, a assessoria de imprensa do iG informa que “o contrato foi rescindido pelo iG e que todas as cláusulas rescisórias foram atendidas”... +

Acesso à internet de LAN house ultrapassa web domiciliar no Brasil
Folha Online

As LAN house se tornaram o local mais utilizado para o acesso à internet no país, informa relatório divulgado pelo CGI (Comitê Gestor da Internet) neste mês. O uso de centros públicos de acesso pago saltou de 30% em 2006 para 49% em 2007, passando à frente do domiciliar, que se manteve estável em 40%... +

Livro discute o modo de vida na era da tecnologia e cultura digital
Folha Online

Em tempos de internet, jogos eletrônicos, celulares com diversas funções e informação a todo instante, a cultura se adaptou às novas tecnologias e é difícil hoje viver sem a parte digital do segmento de cultura. O livro "Folha Explica A cultura Digital" é editado pela Publifolha explica estas transformações. É escrito por Rogério da Costa, professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica e do Departamento de Ciência da Computação da PUC-SP. A introdução pode ser lida abaixo... +

Investimento em publicidade on-line no Brasil cresceu 45,8% em 2007
Folha Online

A internet foi a mídia que mais cresceu percentualmente em 2007 em investimentos de publicidade, registrando um aumento de cerca de 45%... +

Jornais americanos ganham leitores graças à internet

18/03/2008
Redação
Portal Imprensa


Um relatório do centro de pesquisas americano Pew Research concluiu na última segunda-feira (17) que, contrariamente às previsões que anunciavam um abandono dos leitores de imprensa escrita em favor da Internet, os jornais ganharam leitores nos Estados Unidos.

A pesquisa diz que "os observadores viam a tecnologia como uma força de democratização da mídia, e o jornalismo tradicional caminhando para o declínio". Entretanto, após estudar 70 mil artigos de jornais, sites da Internet e transmissões de televisão e rádio, chegou-se a conclusão que "mesmo com esta multiplicação de fontes, há mais leitores consumindo o que é produzido nas antigas salas de redação de imprensa escrita".

Enquanto a circulação dos jornais diários impressos caiu 2,5% em 2007, os leitores mais que duplicaram. "Se tivermos em consideração a audiência constituída pelos leitores exclusivos dos sites dos jornais na Internet, que está em pleno crescimento, temos uma audiência global de imprensa que se fixa em alta, e não em baixa", disse o relatório.

Na Internet, as "velhas" mídias evoluíram consideravelmente, passando de uma simples reprodução na web das suas publicações escritas para sites interativos e inovadores.

Pesquisa revela que internet não mudou jornalismo da maneira esperada

17/03/2008
Redação
Portal Imprensa


Um estudo do Project for Excellence in Journalism, nos Estados Unidos, divulgado no último domingo (16), concluiu que a internet mudou profundamente o jornalismo, mas não da maneira que se esperava. Acreditava-se que a internet iria democratizar as notícias, mas com o jornalismo online os sites continuam oferecendo primordialmente as mesmas informações.

A crescente habilidade do leitor em encontrar o que busca sem ser distraído por propagandas está obrigando a mídia a agir com cautela em algumas ocasiões. Tom Rosenstiel, diretor do projeto, afirmou que 'apesar da audiência das notícias tradicionais se manter sozinha, as redações tendem a encolher'. Ele deu como exemplo o fato da NBC ter nomeado David Gregory como âncora de um noticiário noturno, mas mantê-lo como correspondente na Casa Branca.

Duas histórias - a guerra do Iraque e a eleição presidencial americana de 2008 - representam mais de um quarto de tudo que foi veiculado nos jornais, televisão e internet em 2007, estima o estudo. Desconsiderando Iraque, Irã e Paquistão, notícias relativas à todos outros países somadas representam 6% do conteúdo da mídia americana.

Na semana passada, o site do jornal The New York Times publicou pela manhã a primeira notícia ligando o governador de Nova York, Eliot Spitzer, ao esquema de prostituição que mais tarde levaria a sua renúncia. Rapidamente, o assunto se tornou a história dominante do dia.

De acordo com Rosenstiel, há alguns anos acreditava-se que os sites de notícias seriam considerados apenas reproduções dos jornais diários. 'Na verdade, o jornal impresso pela manhã renasce no jornalismo online', acrescenta.

Uma outra pesquisa concluiu que a maior parte jornalistas estão aderindo às mudanças na área. Muitos profissionais da imprensa afirmaram ter blogs e apreciar os comentários dos leitores em seus sites.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Em memória de Carpeaux

O assunto de hoje não é jornalismo digital. Abro espaço para lembrar a trajetória de Otto Maria Carpeaux (1900-1978), um jornalista e crítico literário que tem muito a dizer a todos os que trabalham com texto e com cultura.

Morreu há trinta anos, em 3 de fevereiro, no Rio de Janeiro. Para as novas gerações, o nome deste austríaco-brasileiro talvez não represente muita coisa. No entanto, para muitos dos que estão hoje na casa dos 40 anos ou mais, o nome de Carpeaux certamente diz muito.

Durante quase quatro décadas, entre os anos 1940-70, Otto Maria Carpeaux escreveu e publicou centenas de artigos em periódicos, num ritmo quase semanal. Tamanha capacidade de trabalho gerou obras de referência ainda hoje valorizadas, como a História da Literatura Ocidental e a Nova História da Música, e o transformou num dos mais influentes críticos do país.

Nascido em Viena, Otto Karpfen (seu nome de família), viveu na juventude a agonia do império austro-húngaro e a turbulência que se seguiu à profunda crise política e de identidade vivida por seu país. Quando chegou ao Brasil, em setembro de 1939, vindo de Antuérpia, na Bélgica, onde se refugiara desde abril de 1938, após uma fuga desesperada da capital austríaca em 15 de março daquele ano, quando as tropas de Hitler entraram triunfantes na capital do ex-império austro-húngaro, o judeu convertido ao catolicismo Otto Maria Karpfen decidiu dar um tom francês ao sobrenome e passou a assinar Otto Maria Carpeaux.

Após um período de dificuldades financeiras (chegou a vender parte de sua biblioteca para sobreviver) e de adaptação (chegou a morar numa fazenda no interior do Paraná), Carpeaux instalou-se no Rio de Janeiro, onde trabalhou durante muitos anos como bibliotecário da Fundação Getúlio Vargas e colaborador fixo do Correio da Manhã, na época um importante jornal, e mais tarde para diversas publicações do país.

Aos poucos, foi revelando suas habilidades e exercendo influência marcante no ambiente literário brasileiro. Sua formação européia e o amor pela cultura e pela literatura o transformaram num de nossos primeiros e mais significativos mediadores culturais.

Erudito e ao mesmo tempo eclético, Carpeaux escreveu roteiros para o rádio e redigiu verbetes para as enciclopédias Barsa, Delta Larrousse. É também lembrado por seus artigos políticos e por seu engajamento nos anos 60, que lhe rendeu a reputação de defensor das liberdades civis. Uma vida dedicada à cultura e à formação do leitor não pode ficar no esquecimento.

Prof. Mauro

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Hipermídia e escrita do hipertexto

Que elementos tornam possível a não-linearidade da escrita hipertextual? Trata-se da hipermídia, dispositivo tecnológico que engloba recursos do hipertexto e da multimidialidade. Elementos inseparáveis, as tecnologias da hipermídia e do hipertexto viabilizam a construção de um texto fragmentado, atomizado em seus elementos constitutivos, ou seja, as lexias.

Conforme George Landow, “essas unidades legíveis passam a ter vida própria ao se tornarem menos dependentes do que vem antes ou depois na sucessão linear”. Assim, é a tecnologia hipertextual que permite que a Web seja uma teia, uma malha de informações interconectadas, numa sucessão de links que conduzem o usuário a diferentes pontos do sistema.

Outra característica fundamental da não-linearidade do hipertexto está no surgimento de uma seqüência arbitrária de links. Isto conduz o problema para o conceito de complexidade, entendido aqui como algo que é tecido em conjunto, traço maior da hipermídia.

Esta organização policêntrica dos sistemas hipermidiáticos altera o sentido de texto principal e texto secundário. Como assinala Landow, “o hipertexto redefine o central ao recusar dar garantia de centralidade a qualquer coisa, a qualquer lexia, por mais tempo que um olhar repouse sobre ela”.

Assim, se cada site representa um centro, estamos na verdade diante de um sistema acentrado. Ao mesmo tempo, cumpre assinalar que a natureza desta escrita topográfica é móvel; logo, a arquitetura da informação deve ser concebida como algo mutável e flexível.

Para saber mais:
LANDOW, George. Hipertext: the convergence of contemporary critical theory and technology. Baltimore: Jonh Hopkins Univ. Press, 1992.
LEÃO, Lúcia.
O labirinto da hipermídia: arquitetura e navegação no ciberespaço. São Paulo: Iluminuras, 2001.

Prof. Mauro

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

O que é o hipertexto?

Inicio o ano de 2008 com um post sobre tema que considero dos mais fascinantes da área de mídias digitais: o hipertexto.

São muitas as definições de hipertexto, mas é ponto pacífico entre os estudiosos que tal definição inclui a natureza não-linear e não-seqüencial desta narrativa e, por conseqüência, sua estrutura aberta e inacabada.

Assim, a não-linearidade instaura uma nova ordem na leitura de um documento, que poderá diferir de um leitor para outro. O texto não-linear é aquele que, por meio de um “agenciamento cibernético”, estimula o surgimento de uma seqüência arbitrária. Isto significa dizer que o hipertexto permite o estabelecimento de ligações rápidas para diversas redes associativas. Como conseqüência, instaura e potencializa uma leitura descontínua e multivocal.

Do ponto de vista narrativo, a escrita hipertextual nos coloca diante de uma nova configuração de categorias clássicas da textualidade: a este novo conceito de texto está ligado um novo leitor e, mais adiante, um novo conceito de autoria.

Tenho me perguntado sempre sobre o impacto desse novo paradigma textual no trabalho jornalístico, em especial naqueles elementos que viabilizam a construção da narrativa jornalística. Diante das potencialidades do hipertexto, como ficam, por exemplo, os critérios de seleção da notícia e a própria hierarquização do noticiário numa página web? Uma pergunta a espera de respostas.
Prof. Mauro