Rafael Drummond
Hoje, há quem diga que estamos vivendo uma terceira revolução industrial, onde as tecnologias de ciberespaço e a potencialidade do real através do virtual estão ganhando cada vez mais força. Talvez não só isso, mas estamos vivendo uma revolução silenciosa da nossa própria maneira de pensar. A Internet, grande veículo dessa virtualidade, do ciberespaço, tem sua origem numa nova forma de estruturação. Tal estrutura deu voz ao que muitos pensadores estavam formulando para as teorias da informação: uma forma não hierarquizada e descentralizada de lidar com os elementos.
Para facilitar e otimizar a comunicação a longa distância entre suas bases, em 1969 a Secretaria de Defesa dos Estados Unidos deu início ao projeto da Internet. O objetivo era criar uma rede de cabos com receptores descentralizados para que a comunicação nunca se rompesse, mesmo que um terminal falhasse. Sua estrutura seria revolucionária e levaria a tomar corpo em uma das linguagens usadas por esse suporte tecnológico com o advento da World Wide Web (WWW), em 1989: o hipertexto.
A idéia, o conceito, de hipertexto já existia, como verificaremos quando retomarmos a sua origem, mas ela ainda não era explorada. Sabemos, hoje, que sua potencialidade também não foi totalmente gasta e que há muito para acrescentar e se aproveitar dessa estrutura. O seu diferencial é não ser centralizado, ou não possuir uma forma já determinada de leitura, como há nos livros tradicionais em que o autor conduz a formação da informação na mente do leitor. Já no hipertexto isso pode ser quebrado pelo fato dele ser basicamente composto por blocos de informações que estão interconectados através de links (ligações) que se remetem ao próprio texto ou a canais externos.
Assim, aquele que ler o hipertexto pode passar para um bloco de informação sem ter que terminar o anterior. Da mesma maneira como a Internet é comparada a uma rede, o hipertexto também pode receber tal rótulo, pois se bem construídos cada link levará a novas associações e assim por diante. Maria Clara Aquino diz descreve exatamente essa característica dessa estrutura textual: “Navegar em um hipertexto significa, portanto, desenhar um percurso em uma rede que pode ser tão complicada quanto possível. Porque cada nó pode, por sua vez, conter uma rede inteira” (AQUINO, pág 2). A informação se construirá com a leitura do texto que o leitor escolher. Da mesma forma que o cérebro humano, o hipertexto tem a possibilidade de fazer associações por meio dos links com outros assuntos, de maneira muitas vezes aleatória.
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