terça-feira, 10 de julho de 2007

A interatividade da Nova Mídia

Aline Alvarenga
Lígia Rocca

A Internet hoje é um dos instrumentos mais rico de conhecimentos. Com um computador e acesso à rede, pode-se realizar transferências de dados e obter informações de todos os tipos, além de interagir com pessoas e programas. Também na tecnologia digital, Paula Jung Rocha e Sandra Portella Montardo afirmam que o usuário pode não só interagir com o objeto (a máquina ou a ferramenta), mas também com a informação, com o conteúdo, seja da televisão interativa digital, seja com os ícones de interfaces gráficas dos microcomputadores. Essa característica de interatividade digital tende a afetar de maneira substancial as relações entre sujeito e objeto na contemporaneidade.

Ao contrário do que muitos pensam, Internet (uma rede de diversas redes em escala mundial de milhões de computadores interligados - inter vem de interligado, e net, de network, malha de comunicação) não é sinônimo de World Wide Web: um sistema de documentos em hipermídia interligados que é executado na internet. A Internet é. Já o conceito de hipermídia, criado na década de 1960 pelo pesquisador e professor Ted Nelson, refere-se a uma tecnologia de escrita não-linear, que utiliza recursos de hipertexto e multimídia.

O hipertexto é uma das formas na qual o internauta pode interagir com o conteúdo da web. Segundo Ted Nelson, os hipertextos são “escritas associadas não sequenciais, conexões possíveis de se seguir, oportunidades de leitura em diferentes direções”. Essas diferentes “oportunidades de leitura” são definidas pelos vários blocos ligados ao texto central por meio de links, que permitem um pensamento não linear e multifacetado, pois a partir de um único texto, há muitas outras opções de leituras de assuntos relacionados, além dos recursos de áudio e imagem. É como um labirinto, em que o internauta tem muitos caminhos a escolher, e cada um leva a um lugar diferente, seja dentro da própria home ou em sites externos.

Esse labirinto é uma das características da Internet, que pode ser definida como uma rede de estruturas rizomáticas, sem um ponto de comando central: a partir de um documento, pode-se chegar a vários outros e ainda encontrar um caminho de volta para o documento com a qual se iniciou a navegação. O caminho inverso também é possível, como numa estrutura arborescente: pode-se chegar a um mesmo documento a partir de diferentes caminhos. Esta infinidade de escolhas torna o texto ilimitado, ampliando o potencial de leitura e conteúdo.

Essas inúmeras oportunidades de se construir a leitura de um hipertexto deram um novo papel aos conceitos de leitor e autor. Na medida em que escolhe seu percurso, estabelecendo elos e delineando um tipo de leitura, o leitor também torna-se autor do texto, pois estará derfinindo um texto diferente a cada link que escolher. A professora Lúcia Leão define o leitor ativo-ativo que a hipermídia requisita como o “arquiteto de um labirinto”, pois o navegador, “ao percorrer o sistema, faz existir um espaço que se desdobra. No momento em que este atualiza escolhas, o desenho de um labirinto é criado”.

Por ser não-linear e não ter uma seqüência fixa, a ordem de leitura pode diferir de um leitor para outro, favorecendo a emergência de uma seqüência arbitrária e aumentando o potencial de leitura com as novas descobertas. Contraditoriamente, a mobilidade de um usuário entre os sites só é possível diante sua imobilidade em relação a um computador. Diante de todas essas opções permitidas ao leitor-autor, a interferência dos internautas nos hipertextos da web ainda é baixa, prevalecendo a unilateralidade na criação de links.

A multimidialidade da Internet é um outro ponto que torna a Nova Mídia tão atraente para os usuários. A Web tem a capacidade de concentrar em um mesmo ambiente diversos formatos de apresentação de informações, tais como texto, áudio, vídeo, fotografias animações e simulações. Uma estrutura plural que explora os diferentes sentidos da percepção humana, na qual todos esses formatos constroem uma modalidade discursiva única. Beatriz Ribas afirma a importância de estar atento às características específicas do novo media e para as suas potencialidades.



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