quinta-feira, 10 de maio de 2007

As particularidades do formato online

Aline Alvarenga
Lígia Rocca

O interessante do formato online é a característica de aprendizagem autoditada por parte dos leitores. Ao contrário de um ensino tradicional, dentro de uma sala de aula, em que os alunos apreendem informações com o auxílio de um professor, a Internet “impôs-se enquanto modelo, forçando a uma pedagogia autoditada”, como bem afirma Ricardo Nunes. A existência dessa particularidade torna necessário que o escritor de textos para a web conheça os hábitos de leitura online a fim de aperfeiçoar a produção informativa.

Beatriz Ribas afirma que o jornalismo vem seguindo tendências, discussões e adaptações, moldando-se ao ciberespaço. É nesse ponto que a fragmentação do discurso, a interatividade, a informação personalizada e a acumulação de dados (memória) surgem como características marcantes da narrativa na Web.

A forma de leitura dos textos online, que chega a ser 25% mais trabalhosa e requer textos mais curtos e uma linguagem mais simplificada, diferencia-se da leitura de textos impressos. Na Web, o usuário tende a focar a atenção no centro da janela. Ricardo Nunes acredita que “os leitores assumem o papel de scanners que procuram informação”. A leitura não ocorre mais de forma linear: grande parte dos leitores seleciona os tópicos de maior interesse, ou seja, lê de modo superficial para, a partir de uma escolha do que julga mais relevante, fazer uma leitura em profundidade. É um processo essencialmente interativo, apresentado pelo autor em associação ao princípio de hiperlink.

Essa característica de escolha deliberada pelos leitores da Web, faz com que os mesmos sejam tratados como construtores da narrativa. Há uma interatividade permanente entre o cibernauta e o media, uma vez que a cada leitura obedece a um percurso particular. Beatriz Ribas usa o termo “multilinear” para denominar esse processo de acesso hipertextual às informações. O usuário passa a estabelecer uma leitura específica, provisória e provavelmente única. A produção da notícia não é mais um papel atribuído apenas ao jornalista. Nunes defende que “navegar passa a significar, construir uma narrativa. No caso concreto, uma narrativa não linear que permite novos horizontes à informação digital”. O leitor passa então a se sentir parte do processo jornalístico.

Beatriz Ribas atenta para os três momentos pelos quais passou a trajetória de produtos jornalísticos desenvolvidos para a Internet. O primeiro estágio do webjornalismo é marcado por um modelo linear, no qual o conteúdo dos jornais impresso é copiado para a Web. A internet serve apenas como um novo veículo para publicar as mesmas informações e os links são utilizados apenas para a passagem de uma editoria à outra.

Em um segundo estágio, denominado hipertextual básico, o link já passa a organizar as informações dentro da publicação online. Contudo, ainda há uma mera transposição de notícias. A interatividade é oferecida com a disponibilização de enquetes ou chats que possibilitam ao usuário comentar notícias e ter acesso ao comentário de outros leitores.

O terceiro estágio do webjornalismo compreende a utilização de um banco de dados, tanto na produção quanto na organização da notícia. Para Ribas, a utilização de um banco de dados para a gestão das informações, armazenamento e recuperação instantânea de dados transforma-o em uma das principais formas culturais de nossos tempos. É essa interatividade, uma nova relação entre os meios de comunicação com o público, que marcará os tempos da era digital. rma-o em uma das principais formas culturais de nossos tempos. É essa interatividade, uma nova relação entre os meios de comunicação com o público, que marcará os tempos da era digital.

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