Quando o físico e matemático Vannevar Bush escreveu o seu artigo As we may think, possivelmente não imaginou que suas idéias estariam em consonância com a estrutura do hipertexto que tanto cresce nos dias de hoje. Nesse artigo ele defendia a criação de um aparelho que ele batizou de Memex. Tal objeto usava o mesmo princípio que o hipertexto possui, o de associação de idéias ao longo da leitura e a construção da informação sem um padrão estabelecido. O Memex seria uma máquina em que diversas telas reproduziriam microfilmes que poderiam remeter a outros destes que trariam novas informações. No esboço também havia plaquetas transparentes que seriam posteriormente microfilmadas para anotação de qualquer comentário que o usuário gostaria de acrescentar ao texto original.
A tradução do título de seu artigo é “Como nós pensamos”. Não de forma inocente tal título foi formulado, pois é de maneira muito semelhante que nosso cérebro age ao pensarmos. Quando nos deparamos com informações, sejam elas novas ou repetidas, fazemos, quase que naturalmente, associações com outras idéias que já havíamos adquirido ou produzido. Dessa forma novos conteúdos se formam em nossas mentes enquanto fazemos essas ligações, que no hipertexto são representadas pelos links. É curioso fazer o exercício de retomar o início do raciocínio. Quase sempre entramos em assuntos não muito relacionados uns com os outros, mas que possuem algum tipo de associação.
O objetivo de Bush ao conceber Memex era de facilitar a busca de conteúdos Como veremos em outro momento, o hipertexto está, atualmente em um estágio básico em que o leitor ainda não possui total liberdade para acrescentar nada aos textos ou indicar novas associações. Contudo, o hipertexto ainda não atingiu seu grau máximo de sua potencialidade. Maria Clara Aquino entende que os recursos hipertextuais estão aquém do proposto inicialmente e isso ocorreu exatamente em 1989, com a criação da Web.
“Quando Berners-Lee cria as páginas Web o hipertexto vê seu potencial coletivo desaparecer, já que a forma como veio a ser praticado nessas páginas não passava de unilateral, construído somente por seus programadores.” (AQUINO, pág 10)
Mas o conceito de hipertexto não foi criado no século XX. Muito antes de Bush pensar o Memex a associação de idéia em um texto principal já havia. Além do nosso cérebro fazer isso instintivamente, desde os séculos XVI e XVII notas de rodapé, remissões a outras partes do mesmo texto e referências a outros livros já existia. Portanto, as primeiras tentativas de não limitar o pensamento do leitor a um só texto já está presente em nossa sociedade há muito tempo, mas ainda há muito o que se aproveitar dessa linguagem.
terça-feira, 1 de maio de 2007
A Origem do Hipertexto: Algo da Nossa Cabeça.
Postado por Rafael Del Monaco Drummond Ferreira às 20:16
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário