Guilherme Campos
Diego Castro
Com a sutil, porém constante elevação do número de receptores, a prática jornalística na internet começa a despertar a atenção dos principais veículos de comunicação. A possibilidade de conciliar, de modo simultâneo, som e imagem ao texto noticioso normalmente oferecido, justifica o interesse na promissora área. Naturalmente, a efetivação dessa realidade depende da adequação do sistema produtivo na redação e da necessidade do sistema de conexão com a internet, utilizado pelos receptores, ser de banda larga.
Apesar dos contornos do novo cenário, o estilo jornalístico adotado seria o mesmo empregado em qualquer outro suporte noticioso. Para Ramon Salaverria, diretor do Laboratório de Comunicação Multimídia da Universidade de Navarra, a mudança estaria no aproveitamento das possibilidades hipertextuais, interativas e multimídias que o novo formato oferece. Em entrevista concedida em junho de 2005 na Jornada de Dez Anos de Jornalismo Digital em Portugal, Salaverria enumerou parâmetros de atuação para esses profissionais.
Ele deve se preocupar com a linguagem, as técnicas, a ética dos procedimentos na hora de obter a informação na web, o tratamento informativo num ambiente que exige uma rapidez absoluta. Os jornalistas não devem ficar presos aos formatos narrativos tradicionais, podem experimentar. A verdadeira mudança tem a ver com a estrutura do texto, do discurso, alterada por conta do hipertexto.
Dentre os novos recursos associados à internet por Salaverria, o modelo hipertextual é empregado com maior incidência no webjornalismo. O termo é caracterizado no artigo Um resgate histórico do hipertexto, como um conjunto de nós ligados por conexões. A autora, Maria Clara de Aquino ainda especifica cada um dos termos. “Nós vão desde palavras e páginas até elementos não verbais e outros hipertextos. A conexão entre esses elementos é normalmente em estrela, em formato reticular”.
Ao caracterizar o hipertexto eletrônico e o processo de alteração e organização de seus conteúdos, Andréia Cordeiro compara a estrutura hipertextual aos processos associativos do pensamento humano, principalmente por ambos se caracterizarem por uma natureza não linear, sem hierarquia ou indicadores de início e fim.
Essas concepções assumem vínculos diretos com a relativa autonomia conferida ao usuário. Lúcia Leão se refere, em O Labirinto da Hipermídia, ao leitor como um arquiteto. A atualização de suas escolhas criaria o desenho de um labirinto. Além disso, ao comparar “a tecnologia hipertextual a uma malha de informações interligadas que levam a caminhos complexos e intermináveis”, a autora recupera proposições de Jorge Luis Borges no conto A Biblioteca de Babel e retoma a concepção de cultura de Clifford Geertz:
“O conceito de cultura que eu defendo [...] é essencialmente semiótico. Acreditando, como Max Webber, que o homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu, assumo a cultura como sendo uma dessas teias e a sua análise, não como uma ciência experimental em busca de leis, mas como uma ciência interpretativa, à procura do significado.” (GEERTZ, 1978 p.15).
Um comentário:
Aprendi muito
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