domingo, 6 de maio de 2007

Hipertexto X Livros

A crescente utilização de computadores e da Internet suscita questionamentos, como por exemplo, a possibilidade de as ferramentas disponíveis no computador tomarem o espaço que atualmente é dedicado aos livros impressos. Ou ainda mais, a possibilidades de as ferramentas proporem uma nova forma de se fazer a escrita, como os hipertextos.

Já existem diversos sites que disponibilizam ao leitor obras completas, que antes só encontrávamos em livrarias. Um exemplo é o site Universia, que oferece o download de dezenas de obras literárias. Dessa forma, o livro perde seu suporte físico, materializado em páginas e capa, mas continua sendo uma obra com princípio, meio e fim, preservando o caráter linear e hierárquico de como foi escrito.

De acordo com Sandra Santos, o “processo de leitura que nos é permitido fazer de um texto impresso exige de nós uma atitude algo passiva. O autor determina o nosso percurso de leitura, impõe-nos caminhos fixos sob pena de, ao mínimo desvio, a nossa leitura deixar de fazer sentido”. Contudo, a pesquisadora enfatiza a autoridade cultural do livro, a qual caracteriza como “praticamente insubstituível”.

Porém, a possibilidade de o computador representar eletronicamente os impressos constitui um dos passos para alterar o papel do leitor. O texto, no computador, não se apresenta de forma linear e hierárquica como no impresso. Segundo Santos, “a nossa capacidade de interpretação é fortemente posta à prova, muito mais do que quando lemos um texto impresso. Enquanto que no código impresso podemos limitar-nos a ler, no hipertexto é-nos sempre exigido o ato interpretativo e de reconstrução do texto. Desta forma, o texto eletrônico exige também a reconceitualização do papel de leitor tradicionalmente entendido como ‘aquele que lê’”.

Andréia Cordeiro exemplifica dizendo que “o leitor torna-se ainda um potencial editor, pois pode ler, introduzir notas e posteriormente republicar um documento em formato hipertextual”. A questão não é fazer do leitor apenas um consumidor, mas também um produtor.

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